quarta-feira, 16 de julho de 2014

Bagagens

Quando você entra em um relacionamento, você não chega de mãos abanando. Ninguém chega, mesmo que seja o primeiro relacionamento, você traz a sua experiência de vida, o que aprendeu observando relacionamentos alheios, os seus pais, os amigos, o casal fictício da série que você acompanha, o casal de pinguins que você viu no documentário da aula de ciências.
E essa experiência que a gente carrega é o que nos faz buscar isso ou aquilo em uma outra pessoa. Não é do nada que você quer o que você quer, seja lá o que for que você queira.
Minha bagagem é pesada, admito. Não que eu tenha me relacionado muito ao longo dos meus 28 anos. Muito pelo contrário. O problema é que os poucos relacionamentos que tive e até o relacionamento que sonhei anos e não vivi me deixaram marcas profundas demais. Fui feliz, sofri, aprendi, superei, mas não apaguei nada.
Já me disseram que eu estava castigando uma pessoa pelos erros de outras pessoas. Sim, sou dessas. Me fecho e me protejo do que pode nem acontecer, apenas baseada no que já aconteceu. É que sempre há a possibilidade. Até que me provem o contrário (e nunca provaram) os erros podem sempre se repetir, mesmo que o autor do erro seja outro, mesmo que a intenção seja diferente, o erro pode sempre acontecer duas, três vezes e mais, enquanto eu permitir que aconteça. E "permitir" não é me culpar pelo erro do outro. É dar tempo para que ele aconteça antes que eu pule fora e termine a relação.
Com cada relação que termina, adiciono mais alguns itens na minha bagagem e o próximo que entrar na minha vida precisará ser sempre mais forte que o anterior, porque ele vai ter, sim, que aguentar essa bagagem enquanto não provar que posso me desfazer de tudo e começar do zero. Ou quase do zero, porque vou sempre acreditar que algumas coisas a gente não pode se desfazer de forma natural e sem dor. Como os quilos que ganhamos depois dos 20 anos, as marcas que outras pessoas nos deixam são pra sempre e, de certa forma nos moldam e nos tornam o que somos. Para o bem e para o mal.
Então, se eu fiz alguém sofrer pela bagagem deixada por outros, pode ter certeza, farei o próximo sofrer também pelo que foi deixado agora.
É como um karma a ser pago por outras pessoas. Você comete o erro, mas quem paga é alguém que ainda nem sabemos quem.
A má notícia é que essa bagagem não tem rodinhas e fica cada vez mais pesada.

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Trilha Sonora: Rooster - Alice in Chains.

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